Em um mundo perfeito, a política é feita de ideologia. Todos os integrantes de um sistema político teriam suas ações baseadas em valores morais defendidos pelas siglas, e suas candidaturas a cargos públicos teriam o objetivo de colocar esses mesmos valores em prática, de forma a que a sociedade e todos os seus membros pudessem viver em uma harmonia de deveres e direitos individuais e coletivos.
Mas a política está longe de ter valores e ideologias para um país melhor e mais justo. Atualmente, especialmente no cenário brasileiro, a política está envolvida em um grande jogo de forças, vontade de aparecer, querer ser polêmico ou achar que nada pode acontecer.
Dois episódios recentes mostram a falta de vergonha que assola nossos políticos: o jovem deputado federal Nikolas Ferreira achou por bem colocar uma peruca durante o seu discurso no Dia Internacional da Mulher, se autointitular “deputada Nicole” e falar que as mulheres estão perdendo espaço para as mulheres trans. A atitude dele foi tão polêmica que Ministério Público Federal acionou a Câmara para que o discurso fosse apurado. Também recentemente, na Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul, o deputado João Henrique Catan, usou um exemplar do livro de Adolf Hitler para ilustrar seu discurso. No Brasil, a apologia ao nazismo é crime previsto em lei com pena de reclusão.
Nossos políticos precisam ter mais cuidado e mais vergonha ao usar a tribuna em qualquer espaço político neste País. Os brasileiros merecem respeito e se votamos nesses cidadãos, o mínimo que eles têm de fazer é se comportar à altura. Afinal, ganham para isso.