A inovação tem revolucionado o cuidado com o coração
A cardiologia vive uma revolução silenciosa e tecnológica. Nos últimos anos, avanços como inteligência artificial (IA), dispositivos vestíveis e cirurgias menos invasivas vêm transformando não só os tratamentos, mas também a forma de acompanhar e prevenir doenças cardíacas. A cardiologista Bruna Toshie Nishimura, que atua há nove anos em Mogi das Cruzes, é testemunha dessa mudança. “A IA não veio para substituir ninguém, mas para somar. É uma ferramenta poderosa que ajuda o médico a ser ainda mais preciso”, afirma.
Segundo a especialista, softwares com inteligência artificial já são usados na interpretação automática de exames como eletrocardiogramas e na estratificação de risco em pacientes com insuficiência cardíaca. Isso significa diagnósticos mais rápidos e decisões clínicas mais seguras. A IA, baseada em algoritmos de machine learning, aprende com grandes volumes de dados e consegue identificar padrões que até mesmo os olhos mais treinados poderiam não perceber. Em alguns casos, essa análise pode prever infartos antes mesmo dos sintomas aparecerem. “O algoritmo cruza dados de exames, histórico médico e sinais fisiológicos, e gera alertas para riscos aumentados. Isso ajuda muito na prevenção”, explica Bruna.
Outro avanço de impacto são os dispositivos vestíveis, como os smartwatches, que monitoram continuamente o ritmo cardíaco, detectam arritmias e registram outros sinais importantes da saúde cardiovascular. Bruna relata casos em que o próprio relógio foi essencial para evitar complicações: “Já usei o meu smartwatch para identificar uma arritmia em um paciente internado, quando o aparelho do hospital estava indisponível. Foi determinante para iniciar o tratamento.”
Além disso, a telemedicina tem ampliado o acesso ao cuidado especializado, especialmente em regiões onde a estrutura hospitalar é mais limitada. Por meio de consultas remotas, exames podem ser avaliados, tratamentos ajustados e orientações fornecidas sem que o paciente precise se deslocar por longas distâncias. “É uma ponte poderosa entre o conhecimento médico e quem mais precisa dele”, reforça.
Na área cirúrgica, os procedimentos minimamente invasivos também estão se destacando. Com o implante de válvulas por cateter, como na técnica TAVI, muitos pacientes — principalmente idosos — conseguem se recuperar com menos dor, menor risco e alta hospitalar mais rápida. A impressão 3D, por sua vez, tem permitido criar réplicas exatas do coração do paciente antes de cirurgias complexas. Isso oferece mais precisão e segurança ao planejamento da equipe médica.
O futuro, segundo a médica, está na integração entre IA, genética e medicina personalizada. Já se mapeiam genes associados a doenças cardíacas, e a tendência é que os tratamentos passem a ser cada vez mais moldados ao perfil genético de cada paciente. E se hoje a ideia de nanorrobôs circulando pelos vasos ainda parece ficção científica, Bruna garante: “As pesquisas já estão em andamento. A ciência está mais perto do futuro do que a gente imagina.”
Para ela, o coração do amanhã já começou a bater, e com mais precisão, personalização e esperança.
Bruna fala da importância da inteligência artificial para o acompanhamento de doenças cardíacas