Profissionais de saúde contribuem com informações para a inclusão das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Um dos tratamentos disponíveis é voltado às alterações motoras e ortopédicas, comuns nesse público. O ortopedista pediátrico Rodrigo Sbeghen destaca como mais frequentes a marcha na ponta dos pés e a tensão permanente no tendão da panturrilha.
O TEA afeta aproximadamente 2% da população mundial e se manifesta precocemente, ainda na infância. O médico Rodrigo Sbeghen, que é membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica, faz um alerta sobre a importância do acompanhamento motor em pessoas com autismo. Ele ressalta que, embora a principal atenção clínica esteja voltada para os aspectos cognitivos e comportamentais, a avaliação motora e musculoesquelética também merece atenção: “As alterações musculoesqueléticas, quando não tratadas adequadamente, podem comprometer o desenvolvimento motor, a independência funcional e o bem-estar geral do paciente”, afirma o especialista.
Segundo Sbeghen, a marcha na ponta dos pés é uma das alterações mais comuns em crianças com TEA, e pode ocorrer por diversos motivos, entre eles: hipersensibilidade tátil plantar; busca sensorial ou padrões motores repetitivos; hipertonia (tensão permanente) ou espasticidade dos músculos da panturrilha; e encurtamento do tendão de Aquiles.
“Quanto ao tratamento, a indicação é realizar sessões de fisioterapia com foco em alongamento do tríceps sural, exercícios de dorsiflexão ativa e propriocepção”, acrescenta o médico.
Alinhado a isso, ele cita como fundamental a intervenção de terapia ocupacional voltada para regulação sensorial, com estímulos táteis e integração sensorial plantar. Órteses para manter o pé na posição correta também podem ser associadas ao tratamento.
De acordo com o especialista, o uso de toxina botulínica tipo A pode auxiliar no alongamento muscular. Já a indicação cirúrgica ocorre em casos mais complexos, nos quais não há resposta ao tratamento convencional e ocorre comprometimento significativo do movimento e das atividades diárias.
O acompanhamento motor em pessoas com autismo é necessário