A Semana



Mogy antes, em suas origens

“Capella ou Capellanato era instituto de revelho direito positivo português que incorporava doação de terras ao patrimônio privado do capelão ou capellanatário, pessoal natural ou entidade, onerado de encargo pio ou religioso.
Ao inverso de morgado, que era bem-de-família ao qual sucedia só o primogênito, à capella ou o capellanato sucediam herdeiros ou quem o adquirisse.
Por escritura pública de 31/08/1589, Bráz Cubas “institui hua Capella ao Convento que ao adiante se fizer da Ordem de N. Senhora do Carmo” em Santos.
A doação consistia no chão que está em N. Senhora da Graça” e na “licença” que da “hoje pra todo sempre de os frades possam nas terras que o dodador tem em Santos”, trazerem 6 vacas paridas sem seu touro e seis “crianças (…)que não fação damnos aos vizinhos e ao doador”.
Itaisipé ou Taiassupeba era sede da segunda capella de segunda doação de Brás Cubas, de terras suas, aos frades carmelitas, correspoderão à terça parte da partilha de seu espólio, feita em 1603.
Toda a região de Taiassupeba se chama Campo Grande e situa-se na extremidade da sesmaria de Brás Cubas, pelo alto da Serra do Mar.
É por esta extrema demarcação das terras de Brás Cubas que uma nesga foi abrangida no território da Villa de Santa Anna.”

(Texto transcrito do Boigy Cadernos da Divisão do Arquivo Histórico e Pedagógico Municipal, Pág. 3)

Mogy e seus arredores sempre foram alvos de muitas informações desencontradas, mas, é aí que começamos descobrir as origens de nossa querida Boigy. No mapa da capitania de São Vicente, consta um letreiro com indicações em latim: Brasiliae Pars, Capitania Saneti Vicentii, cum adjacentibus (1553-1579) ou em nosso idioma: Território do Brasil, Capitania de São Vicente, com os confrontantes, aparece um lugar denominado Boigy, assinalado em latim: Infidelium sedes máxima ex parte incertae ou aldeias de índios, na maior parte, desconhecidas.

Neste lugar, como já sabemos , foi feito povoação, por mandado do Governador Geral, Dom Francisco de Souza, com o nome de Mogy Mirim, que evoluiu para Villa de Santa Anna, pelo Foral de 01 de setembro de 1611.

Os índios de Boigy eram chamados de “Pés-Largos” e eram muito ferozes, segundo o “Dicionário de Bandeirantes e Sertanistas do Brasil” de Carvalho Franco.

Ao “caminho velho” sucedeu a estrada mandada abrir pelo Governador Geral, Dom Francisco de Souza, em 1601, empreitada por Gaspar Vaz, para ligar a Villa de São Paulo ao porto de Angra dos Reis, passando por Mogy Mirim.

Em 22 de setembro de 1608, Gaspar Vaz obtém a primeira doação de terras pela forma jurídica da sesmaria, em Mogy Mirim.

Fontes:

  • Termo e Villa de Santa Anna – Abib Neto – 2014
  • Boigy – Cadernos da Divisão do Arquivo Histórico e Pedagógico Municipal Vol. 2 – 1989
Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Lançou seu primeiro livro “Mogy Antiga”em 11 de dezembro de 2021 onde fala sobre as histórias, curiosidades e personagens da nossa cidade.

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