Todas as cidades possuem suas próprias lendas e com Mogi não podia ser diferente. A primeira lenda é exatamente sobre o nome da cidade. Não se sabe exatamente o porquê do “das cruzes” no nome, pois há mais de 10 versões contadas. Uma delas, contada no livro “Folclore de Mogi das Cruzes”, do historiador Isaac Grinberg, é de que muito tempo atrás morava em São Paulo de Piratininga um moço pobre e trabalhador que se apaixonou pela filha do patrão, que era um homem rico e influente. A moça também se apaixonou pelo rapaz, mas o pai não admitia que eles ficassem juntos e fazia de tudo para que se odiassem.
Não conseguindo que a filha esquecesse o moço, ele planejou sua morte e numa noite, quatro de seus capangas foram incumbidos de matar o jovem, mas decidiram apenas expulsá-lo da cidade sob a promessa de nunca mais voltar a São Paulo. A moça ficou inconsolável e chorou por dias, até um dos capangas contar que o rapaz estava vivo. Nesse dia, ela rezou ardentemente pedindo aos céus que lhe indicassem, através de um sinal, onde o amado estava. O sinal chegou na mesma noite, quando uma cruz apareceu no céu e a moça seguiu viagem na sua direção. Mais e mais cruzes apareciam lhe mostrando o caminho, até que depois de dias, ela finalmente encontrou o rapaz vivendo numa casa num descampado. A lenda ainda conta que muitos anos depois, quando os primeiros colonizadores chegaram à região, encontraram o casal rodeado de filhos e ao ouvirem a história, resolveram acrescentar “das cruzes” ao nome de Mogi, em homenagem ao amor do casal.
A Menina da Pipoca
Outra lenda bastante conhecida na cidade é a da Menina da Pipoca, que conta a história de uma garotinha que morreu engasgada com pipoca após os pais a proibirem de acompanhar a procissão de São Benedito. Para distrair a menina, eles lhe deram um saco de pipoca, mas foi só colocar uma na boca que ela engasgou e morreu. Em 1891, foi erguido um túmulo de mármore com a escultura de uma criança deitada e com flores em suas mãos, mas muita gente jura que as flores, na verdade, são pipocas.
Para o historiador mogiano Mário Sérgio de Moraes, essas lendas passam de geração em geração por guardarem a alma da cidade e também por conter lições de moral, em alguns casos. “Na lenda da Menina da Pipoca há uma lição moral de que não se deve cometer este ato (proibir alguém de ver uma procissão) com nenhum santo, pois se isso ocorrer, você será castigado”, afirma. Moraes também comenta que essas lendas possuem uma grande ressonância social e dão identidade para a cidade. “Você pode não se lembrar de nomes ou datas exatas, mas irá se lembrar da história e querer contar para outras pessoas, mantendo a história da cidade viva”, destaca.