A Semana



Botujuru ou o lugar que o vento quebra

Mogi das Cruzes tem entre seus vários bairros, Botujuru, fundado por José de Bulhões em 1710 onde se tem o primeiro registro de compra e venda de um terreno, em seis de outubro desse ano. Até hoje a data é usada para comemorar o aniversário do bairro.

O documento que comprova existência dessa compra firmado há quase três séculos está registrado no Livro de Tombo do Convento do Carmo de Mogi. O livro, não sei porque, hoje se encontra guardado no Arquivo Geral da Província Carmelitana de Santo Elias em Belo Horizonte, Minas Gerais. Acredito que como se trata de informações sobre a fundação de um bairro de Mogi, poderia ficar aqui na região para consultas futuras.

Botujuru, como vários nomes de bairros e distritos de Mogi tem origem indígena. No início era Jbytu-juru, que significa garganta do vento ou lugar onde o vento quebra. Claro que a nomenclatura faz referência a uma característica do local onde costuma ventar muito. Com o tempo, assim como o nome do Mogi das Cruzes, foi mudando até chegar ao nome atual.

Botujuru, segundo o censo de 2010 (2020 não teve Censo por causa da Pandemia do Corona Vírus) conta hoje com mais de 20 mil habitantes. Sua densidade populacional supera alguns dos oito distritos que compõem o território de Mogi das Cruzes: Centro, Biritiba-Ussu, Braz Cubas, César de Souza, Jundiapeba, Quatinga, Sabaúna e Taiaçupeba.
Botujuru possui mais moradores que os distritos de Quatinga (3.672), Biritiba-Ussú (4.730), Taiaçupeba (5.179) e Sabaúna (14.511).
A região central continua sendo a mais populosa, com 188.596 moradores, seguida do distrito de Braz Cubas (104.937) e Jundiapeba (49.186), segundo os últimos dados oficiais do IBGE.

Para melhor ilustrar como seria morar em Botujuru, reproduzo aqui o depoimento de uma moradora do bairro:

A moradora Flavia Martins diz:

“Eu moro no Botujuru desde que nasci. Gostamos muito de lá, porque sempre foi um bairro muito tranquilo, sem maiores problemas relacionado à violência. Hoje em dia tem ótimas escolas, creches, mercados. É um bairro bem família mesmo, sempre senti isso. Todo mundo conhece todo mundo e acho isso muito legal porque todos se ajudam. Outra coisa muito bacana são os projetos sociais, festa do Divino, as pessoas se unem muito.
Espero que cresça cada vez mais, já estão ampliando bastante, tem muitos prédios já sendo construídos numa parte do bairro que ninguém utilizava, aos poucos está crescendo.
Mesmo não morando mais lá, é onde eu verdadeiramente me sinto em casa. É pra onde eu sempre volto. Minha base está toda lá. Meus familiares. Amigos…todos!”

Vários artistas da região tem sua morada ou ateliê nesse bairro, tais como Maurício Chaer, artista plástico, a saudosa Olga Nóbrega e o escultor Lúcio Bittencourt.

O bairro de Botujuru conta com uma área específica para impulsionar a economia local. A Avenida Francisco Rodrigues Filho, no trecho entre a praça Kazuo Kimura até a divisa com Sabaúna foi definida dentro do Plano Diretor como uma Zona Especial de Desenvolvimento Econômico (ZEDE). As Zede são áreas de interesse estratégico para a manutenção, qualificação e indução à implementação de atividades econômicas.

Fontes

  • Site da Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes – https://www.mogidascruzes.sp.gov.br/
  • Jornal O Diário – 26 de outubro de 2006
  • Depoimento de Flávia Martins, ex-moradora do bairro
Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Lançou seu primeiro livro “Mogy Antiga”em 11 de dezembro de 2021 onde fala sobre as histórias, curiosidades e personagens da nossa cidade.

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