Histórias revelam como a tradição e a família dão significado ao Natal
Para alguns, o Natal carrega saudade. Para outros, é sinônimo de casa cheia, mesa farta e muitas vozes misturadas. Há ainda quem enxergue a data como um convite à pausa, à reflexão e ao cuidado emocional. Em comum, histórias diferentes que se encontram no mesmo ponto: a tradição familiar como elo que atravessa o tempo, cura ausências e fortalece vínculos. É assim na vida de José Maria Aparecido da Paz, de Evelin Caroline Fermino Vidal e também no olhar profissional e humano da psicóloga Priscilla Paccitto do Nascimento.
Aos 68 anos, o aposentado José Maria Aparecido da Paz carrega uma história marcada pela perda precoce. Órfão aos três anos, perdeu pai, mãe e uma irmã de uma só vez, mas encontrou nos avós paternos, José e Luzia, o acolhimento que moldaria sua vida. Criado como filho, ele aprendeu valores que hoje sustentam sua família. “A vida é feita de perdas e ganhos. Perdi meus pais, mas a vida me deu uma filha e três netos lindos, e isso me ensinou que família se constrói com amor e exemplo”, afirma.
Casado há 45 anos com Marcia Conceição Stengle da Paz, José Maria mantém vivas as tradições natalinas em sua casa, com forte presença da religiosidade, da montagem do presépio com os netos e da reunião familiar. É ali que recebe a família da filha Taciana e celebra a data ao lado dos netos Tábata, Iago e Lucca, mantendo o foco no nascimento de Jesus e no significado espiritual da celebração.
Para Evelin Caroline Fermino Vidal, de 41 anos, o Natal é sinônimo de união em grande escala. Doceira gourmet, ela reúne cerca de 30 familiares todos os anos no sítio do sogro, em uma celebração que atravessa gerações. Mãe de seis filhos, Evelin cresceu aprendendo que família deve estar sempre por perto. “Reunir toda a família não tem preço, principalmente quando conseguimos estar juntos com quem amamos, mantendo esse momento de união”, destaca.
Mesmo cercado de alegria, o Natal também desperta lembranças de ausência para Evelin, especialmente pela saudade do pai, que partiu cedo. Ainda assim, a data segue marcada pela cooperação na preparação da ceia, pelas trocas de presentes e pela presença da bisavó Ida, figura central nas celebrações e símbolo de continuidade familiar.
Do ponto de vista emocional, a psicóloga Priscilla Paccitto do Nascimento explica que o Natal funciona como um marco simbólico importante, capaz de ativar memórias afetivas profundas. “Datas como o Natal despertam emoções intensas porque resgatam vivências passadas, tanto alegres quanto dolorosas, e funcionam como um espelho emocional daquilo que vivemos ao longo da vida”, explica.
Segundo a especialista, embora a data seja idealizada como um período de união, ela pode ser desafiadora para quem enfrenta luto, conflitos familiares ou solidão. A orientação é reduzir cobranças, respeitar limites e permitir que cada pessoa viva o Natal de forma mais verdadeira e acolhedora.
Entre histórias marcadas pela superação, pela celebração e pela reflexão, o Natal se revela como um tempo de pausa e reconexão. Seja na tradição religiosa, na grande mesa familiar ou na escuta emocional, a data reafirma que família vai além dos laços de sangue: ela se constrói no cuidado, na presença e na memória compartilhada.
Ao final, os entrevistados deixam mensagens que traduzem seus desejos para este Natal. José Maria pede harmonia, saúde e bênçãos do Menino Jesus para todas as famílias. Evelin deseja saúde, paz e um ano repleto de alegria, sempre com a família por perto. Já Priscilla deixa um convite à consciência emocional: que o Natal seja vivido com mais gentileza consigo mesmo, relações verdadeiras e menos julgamentos — mesmo que de forma simples.
Porque, no fim, o Natal não está apenas na data, mas no encontro.

José Maria mantém vivas as tradições natalinas ao lado da esposa, filhos e netos, reunindo gerações em torno da fé e da convivência familiar



