Devoção, promessas e gratidão marcam a caminhada de fé dos romeiros mogianos até o Santuário Nacional de Aparecida
A cada ano, milhares de fiéis deixam suas casas, colocam mochilas nas costas e seguem pelas estradas em direção ao Santuário Nacional de Aparecida. Não é apenas uma caminhada. É um gesto de fé, de gratidão e de devoção à padroeira do Brasil. A romaria a pé é feita de passos firmes, mas também de lágrimas, promessas, dores físicas e, acima de tudo, da certeza de que Nossa Senhora Aparecida acompanha cada peregrino ao longo do trajeto.
Entre esses devotos está o mogiano Edemir Dias de Oliveira, que há 22 anos faz parte da romaria. Sua primeira participação aconteceu em 2003, após um momento de grande dificuldade em sua vida: o nascimento prematuro de sua filha, que permaneceu internada na UTI por quatro meses. Naquele período, Edemir fez uma promessa à Nossa Senhora de Aparecida: se a filha tivesse alta e conseguisse se recuperar, ele caminharia até a Basílica Nacional levando, como forma de gratidão, moedas que guardaria durante um ano inteiro.
A graça foi alcançada, e a promessa cumprida. Desde então, Edemir não deixou mais de participar da romaria. Hoje, integra o grupo de peregrinos “Nós Somos Luz”, que neste ano percorreu o trajeto entre Mogi das Cruzes e Aparecida entre os dias 29 de agosto e 1º de setembro.
O percurso exige muito esforço físico. São cerca de 50 quilômetros por dia, passando por cidades como Guararema e Jacareí, até alcançar a Via Dutra, que leva os romeiros ao destino final. No último dia, a distância é menor — em torno de 20 km — mas a expectativa aumenta a cada passo dado em direção à Basílica. Em 2025, o grupo contou com 46 pessoas, de diferentes idades, todas movidas pela mesma devoção.
Apesar da fé inabalável, o corpo nem sempre corresponde à vontade. Dores nos pés, pernas e quadris, bolhas e até insolação estão entre os desafios enfrentados no caminho. Para garantir a segurança, os peregrinos contam com um carro de apoio e com a estrutura da Nova Dutra, que fornece atendimento médico em caso de necessidade. A cada parada, as orações coletivas e os momentos de descanso ajudam a renovar as forças.
Entre tantas histórias, algumas experiências marcaram profundamente Edemir. Ele recorda, com emoção, o pedido de uma amiga para que rezasse por sua filha doente durante uma romaria. Anos depois, ao reencontrar essa amiga, foi surpreendido por um abraço e lágrimas de gratidão: a filha havia se recuperado. Para Edemir, esse episódio reforça o poder da fé e da intercessão de Nossa Senhora Aparecida.
Chegar diante da imagem da padroeira é o momento mais esperado. “Não consigo explicar, mas para mim é a maior e melhor sensação que sinto”, resume o romeiro, emocionado.
A cada ano, a romaria não é apenas o cumprimento de um trajeto, mas a renovação da fé de todos os que caminham. São passos que carregam pedidos, agradecimentos e testemunhos de devoção. Para Edemir e o grupo “Nós Somos Luz”, a mensagem é única: a fé move corações e transforma vidas.
Grupo “Nós Somos Luz”, de Mogi das Cruzes, durante a Romaria a Pé de 2025, que reuniu 46 participantes rumo ao Santuário Nacional de Aparecida.