A Semana



Os índios escravos e aldeados

Por volta de 1611, Gaspar Vaz fundou o aldeamento da Escada (atual Freguesia da Escada em Guararema) para onde foram levados os índios já cristianizados. Mais tarde, foram os jesuítas que cuidaram desses aldeamentos. Esse sistema durou até o século XVIII, como no caso de Tacuaquisetuba, atual Itaquaquecetuba, também criado no século XVII, ainda dentro dos limites de Mogi.
Claro que os moradores do Alto Tietê também escravizaram os indígenas, tanto para seu uso particular como para fins comerciais.
Aqui no Alto Tietê, embora rodeado de aldeamentos e longe das tribos de índios foragidas pelo interior da capitania, participou da caça e comércio de índios.
Em 1576, o rei de Portugal, Dom Henrique, reforçou a tese da “guerra justa” contra os índios. Em 1601, o rei de Espanha e Portugal, Dom Felipe aboliu o cativeiro indígena. Mas os ataques de tribos hostis aos colonos no norte-nordeste tornaram-se tão frequentes que a Coroa espanhola foi obrigada a retomar a antiga prática portuguesa de preamento dos indígenas.
Assim nasceu as bandeiras preadoras. Essas bandeiras, muitas vezes extraoficiais, podiam juntar até milhares de participantes. Visavam a captura de índios para vender como escravos.
O próprio Gaspar Vaz participou de uma bandeira comandada por Manoel Preto e Raposo Tavares, que resultou na destruição das reduções jesuíticas da região do Guairá em 1628.
Vários outros mogianos participaram dessas bandeiras de preamento indígena.
Os ataques dessas bandeiras as reduções jesuíticas foram tão frequentes, que os jesuítas foram reclamar ao papa, que, em 1640,  declarou todos os índios da América livres.
Claro que houve resposta por parte dos colonos que fizeram vários motins Brasil afora.
Os colonos culparam os jesuítas pela decisão do papa e resolveram expulsá-los. Houve inclusive, uma reunião no qual Mogi foi representada pelo vereador João Homem da Costa, no qual decidiu-se pela expulsão dos jesuítas de toda capitania.
Os conflitos se arrastaram pelos séculos XVI, XVII e XVIII tendo-se diminuído durante o ciclo do ouro.

Fonte:

– História de Mogi das Cruzes – Isaac Grinberg – 1961

– Calhaus e Burgaus – Jair Rocha Batalha – 1958

– Almanaque Alto Tietê – 1998

Foto:

– Quadro de Benedito Calixto Anchieta e Nóbrega na cabana de Pindobuçu

Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Autor do livro “Mogy Antiga”, é membro da AMHAL - Academia Mogicruzense de História, Artes e Letras.

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