A Semana



Nova tecnologia usa células-tronco adiposas para tratar diversas doenças

O que, até então, só se via nas telas de cinema, nos filmes de ficção científica, quando um líquido misterioso era aplicado sobre um ferimento e rapidamente o mocinho ficava pronto para outra; ou quando, finalmente, os cientistas descobrem a fonte da juventude, por exemplo, já é, de certa forma, uma realidade.

Na manhã desse sábado, dia 28 de maio, um grupo seleto de médicos renomados, vindos de diversas regiões do Brasil, se reuniu no auditório do Hospital e Maternidade Mogi-Mater, em Mogi das Cruzes (SP), para o Simpósio Nacional de Terapia Regenerativa Autóloga (TRA), idealizado pelo coloproctologista Mateus Rotta e tendo como convidado, o cirurgião italiano Alessandro Gennai.

Ele apresentou e demonstrou para os profissionais um equipamento de última geração chamado Seffiline, projetado por ele, que aproveita a gordura dos próprios pacientes, rica em células-tronco, para o tratamento de diversas doenças, em diferentes especialidades. O evento contou com tradução simultânea e os médicos puderam acompanhar os procedimentos feitos, ao vivo, nos centros cirúrgicos do hospital, por um telão.

“É um grande prazer estar no Brasil e compartilhar com os colegas médicos um pouco mais sobre a Terapia Regenerativa, que pode ser usada em muitas patologias. Eu sou cirurgião plástico e uso para a estética, observando uma melhora muito significativa do tecido da pele, tornando-se, realmente, um tratamento anti-idade. Por outro lado, já usei as células retiradas da própria paciente para tratar uma ferida difícil, localizada no seu abdómen, e tivemos um resultado incrível, tanto na aparência, quanto na diminuição da dor que essa paciente sentia”, explicou Gennai.

Segundo Rotta, a TRA é uma tecnologia de ponta que processa e usa suavemente o tecido adiposo do corpo. Na gordura colhida do paciente são mantidas as propriedades naturais e benéficas do tecido adiposo. Um dos benefícios é que mantém todas as células especiais. Essa gordura coletada é precisamente injetada nas áreas lesadas do paciente e tende a permanecer na área, em vez de ser reabsorvida pelo corpo, permitindo ao próprio corpo maximizar os benefícios por um período prolongado de tempo. O procedimento é minimamente invasivo. O tecido adiposo destina-se a apoiar o corpo na reconstrução e reparação da lesão.

Pode ser utilizado no campo estético para regeneração facial, redução de rugas, rejuvenescimento das mãos entre outros; Na ortopedia, acelera a recuperação de lesões esportivas, trata artrose e tendinopatias das articulações do ombro joelho, quadril e ATM. Em ginecologia pode ser usado para rejuvenescimento vaginal e recuperação da atrofia vaginal, muitas vezes causada pela menopausa. É possível um rejuvenescimento da região cervical com injeções intradérmicas que melhoram a tonicidade dos tecidos da pele do rosto e pescoço, no caso de plásticas e na coloproctologia, promove e facilita a cicatrização, controlando a inflamação, e pode ser usado nas seguintes áreas: cirurgia com economia do esfíncter nas fístulas retais complexas, inclusive na doença de Crohn, como adjuvante para o fechamento do orifício interno; em áreas de fibrose cicatricial; cirurgia em pacientes com deformidade de Key Hole( buraco de fechadura) e sintomas de sujeira ou incontinência menor; em radioterapia perianal com desfechos de radiodermite importante e áreas em que há uma ferida complexa, como o Cisto Pilonidal.

Para o doutor Mateus Rotta, será uma questão de tempo até que a nova tecnologia chegue ao Sistema Único de Saúde (SUS). “Começa assim mesmo, de forma particular. Depois os planos de saúde começam a aceitar e, por fim, chega ao SUS. Esse aparelho, qualquer cirurgião pode usar com risco mínimo de lesão e está ocorrendo um interesse grande dos médicos. Acreditamos que isso já é o nosso futuro. É a primeira vez no Brasil que esse aparelho é apresentado. É uma terapia minimamente invasiva, onde tudo é feito em ambulatório, portanto o paciente não fica internado. O aparelho pode até ter um custo elevado, porém menor do que as técnicas já existentes, mas diminui custo do tratamento, o tempo de hospital, evita o uso de muitos medicamentos e a permanência dos pacientes em leitos hospitalares. É grande passo para a medicina e, tenho certeza, rapidamente vai para o SUS também”, salientou Rotta.

Redação

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