A Semana



Mogi com G ou com J?

Uma das questões levantadas por vários historiadores da cidade é com relação a grafia do nome Mogi. Afinal, se escreve Mogi com G ou com J???

Segundo Isaac Grinberg seria com “g”.

Também segundo instruções da Academia Brasileira de Letras: “Os topônimos de tradição histórica secular não sofrem alteração alguma na sua grafia, quando já esteja consagrada pelo consenso diuturno dos brasileiros. Sirva de exemplo o topônimo ‘Bahia”, que conservará esta forma quando se aplicar em referência ao estado e à cidade que tem esse nome”.

Ainda segundo Grinberg, escreve-se Mogi com “g” desde 1611, como se pode ver no requerimento feito por Gaspar Vaz e outros pedindo a elevação da povoação a vila.

Em 1591 o Pe. Anchieta publicou “Arte da Gramática da Língua mais usada na costa do Brasil” que nos revelou, portanto, por escrito, os sons do tupi em que ele dizia: “As consoantes e g comumente todas pronuncião de hua mesma maneira, interposito i ut Acepiac, Acepiacine, Aimeng, Aimeenginé”…”Ge, gi pronuncião-se como em português, jeito, gibão, ut augê, agib”

Em guarani, por exemplo, não existia o palatal que representamos por j ou por g, antes de e, i. Esta palavra era substituída por y.

Von Martius, estudioso do tupi na sua obra “Glossaria Linguarum Brasiliensium” empregava o g e não j.

O prof. Francisco da Silveira Bueno , catedrático de Filologia Portuguesa no seu livro “Questões de Português” defendeu a grafia Mogi, dizendo que “existe a grafia g quando palatal. Os que trataram do guarani lhe deram o valor de y. A tradição é numerosa e constante. Não há, portanto, razão intrínseca, isto é, de fonética, nem extrínseca, isto é, de uso tradicional, para que se substitua, de modo absoluto, o g pelo j”

Eu já vi em jornais de grande circulação que ele também estão indecisos. A Folha de S. Paulo escrevia Mogi com j e o O Estado de São Paulo com g. A polêmica continua.

De minha parte como pesquisador da história da cidade fico com Mogi com g, seguindo as orientações de Isaac Grinberg, Jurandyr Ferraz de Campos e Mello Freire.

Fontes:

  • Histórias da História de Mogi das Cruzes – Mello Freire – 1958
  • Santa Anna das Cruzes de Mogy Huma villa de Serra aSima – Jurandyr Ferraz de Campos – 1978
Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Lançou seu primeiro livro “Mogy Antiga”em 11 de dezembro de 2021 onde fala sobre as histórias, curiosidades e personagens da nossa cidade.

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