A Semana



Lendas sobre o nome “Das Cruzes”

Segundo o folclorista Luís da Câmara Cascudo, “lenda é um episódio heróico ou sentimental em que intervém o elemento maravilhoso ou sobre-humano, transmitido e conservado na tradição oral popular”.
A origem do nome Mogi das Cruzes, caso raro na toponímia brasileira, é alvo de muitas lendas. Lendas essas que contam como foi empregado o “Das Cruzes” no nome da nossa Mogi. Vamos a elas.

Lenda 1 – Há muito tempo atrás, morava em São Paulo, um moço pobre, porém, muito trabalhador. Apaixonou-se pela filha do patrão, e este, não querendo o namoro, mandou que quatro dos seus capangas matassem o rapaz. Levaram-no para um lugar distante, mas não tiveram coragem de mata-lo e o fizeram jurar que nunca mais voltaria para São Paulo.

A moça chorava sem parar, até que o velho capanga da família penalizado com o seu sofrimento, contou-lhe que o rapaz estava vivo. Ela rezou ardentemente e pediu a Deus que lhe enviasse um sinal, para encontrar seu amado. Ela foi ouvida, e na mesma noite apareceu uma cruz no céu. Deixando sua casa, seguiu a cruz, e saindo da zona urbana, ela viu outra cruz e foi acompanhando todas as cruzes que via. Andou muito até chegar numa casinha onde foi recebida pelo amado. Assim, segundo a lenda, um grupo de colonizadores chegando a região e sabendo da história decidiram dar o nome de Mogi das Cruzes.

Lenda 2 – Há muitos anos, aqui morava um pescador que todas as tardes ia pescar na beira do rio Tietê. Certo dia, ao jogar seu anzol no rio, não conseguiu retirá-lo. Pediu ajuda aos amigos e foi grande o susto quando o anzol veio a tona trazendo uma cruz. Os habitantes acreditando que a cruz era milagrosa, começaram a fazer outras cruzes com o mesmo tamanho e material. Encheu-se a vila de cruzes, supondo aí, que veio o nome de Mogi das Cruzes.

Lenda 3 – Na Serra do Itapeti, foi plantada pelos bandeirantes, para servir de ponto de referência para a localização da Vila Santana de Mogi Mirim, uma cruz de cedro. Além disso , diziam que se aquela cruz chegasse a cair a vila seria inteiramente arrasado por uma enchente ou outra catástrofe. Com medo, os habitantes fizeram de tudo para conservá-la, inclusive cercando a cruz com cimento para não cair. Assim nasceu o nome Mogi das Cruzes.

Lenda 4 – Nos primeiros anos da vila de Mogi, os oficiais da Câmara , iam todos os anos, a Imbiassica e Itupeva ou Itapema tomar posse do terreno plantando um cruz por marco, cada vez que o rumo se desviava ou infletia para outra direção. Continuando esse sistema de assinalar as divisas do termo, plantaram os oficiais da Câmara em 23 de outubro de 1665, nada menos que treze cruzes entre Mogy e São Paulo. Daí era crível supor que a denominação da vila viesse a ser Santa Anna de Mogy das Cruzes e finalmente Mogy das Cruzes.

Fonte:

  • Santa Anna das Cruzes de Mogy Huma villa de Serra aSima – Jurandyr Ferraz de Campos – 1978
  • Folclore de Mogi das Cruzes – Isaac Grinberg – 1983
  • Boigy Cadernos da Divisão do Arquivo Histórico e Pedagógico Municipal – Vol. 1 – 1988
Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Lançou seu primeiro livro “Mogy Antiga”em 11 de dezembro de 2021 onde fala sobre as histórias, curiosidades e personagens da nossa cidade.

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