A Semana



Gaspar Vaz, nova discussão!

Há décadas estudando e pesquisando sobre a história de Mogi, aprendi, segundo lições do mestre Isaac Grinberg que a primeira vez que se discutiu sobre a fundação da cidade à luz de novos documentos, como a cópia do Foral descoberta em 1932 pelo Prof. Emílio Ferreira`, foi no livro “Notas da História Eclesiástica” do piedoso bispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva.

Até 1932 todos acreditavam que Mogi havia sido fundada por Braz Cubas. No livro do bispo Dom Duarte ele dizia que Mogi tinha sido fundada por Gaspar Vaz já que na documentação oficial, ou seja, no Foral não havia qualquer menção ao nome de Braz Cubas.

O próprio Prof. Emílio Ferreira, devido a descoberta do Foral e de novas informações resolveu lançar uma plaquete (livro de pequena espessura, como se chamava na época) intitulado “Mogy das Cruzes – Dados Históricos e Notas Diversas”, onde continha um clichê da primeira página do Foral. O prefeito na época, João Cardoso Pereira, decidiu então, em 1935 instituir o aniversário de Mogi a 1 de setembro (antes era em 3 de setembro), inclusive inaugurando o obelisco que se encontra até hoje em frente a catedral de Santana.

Ou seja, segundo Isaac Grinberg, em 1937, no livro Notas da História Eclesiástica foi a primeira vez se discutia sobre a fundação da cidade citando o nome de Gaspar Vaz como verdadeiro fundador.

Bem, como vivo pesquisando aqui e ali, fiquei sabendo do “Almanach Litterario de São Paulo para o ano de 1876”. Porque o meu interesse neste “Almanach”? Porque nele tem um texto de autoria de Manoel de Almeida Mello Freire, pai de Dona Yayá, que fala sobre Mogi e sua história, além de suas belezas.

O “almanach foi criado no final de 1875 (para ser lançado em 1876) e o texto do pai da Dona Yayá já falava de Gaspar Vaz como fundador de Mogi!!!

Ele cita um trecho da petição de Gaspar Vaz e os outros povoadores pedindo a elevação de Mogi a vila ao governador Dom Luiz de Souza. O mais impressionante é que esta petição faz parte do Foral. Como assim??? Se a cópia do Foral foi descoberta em 1932???

A pergunta é: Como Manoel de Almeida Mello Freire conseguiu essas informações que só iriam ser descobertas 57 anos depois???? Será que na época, ele tinha acesso ao Foral e só depois foram perdidos?

Ou seja, será que Isaac Grinberg não sabia desta publicação? É estranho ele não saber. Eu comparei o texto da petição publicado no Almanach com o texto do Foral e eles batem totalmente. Resumindo: Manuel de Almeida Mello Freire publicou o texto com o trecho da petição que coincide exatamente com texto do Foral de elevação de Mogi a vila(1) que seria descoberto 57 anos depois, ou, em 1932. É pra se pensar! Fiquei com isso na cabeça e resolvi compartilhar com vocês! Se alguém puder me explicar melhor, eu agradeço.

(1) Mais informações sobre o Foral, confira nossa matéria na coluna de 16 de abril de 2021

Fonte

  • Almanach Litterario de São Paulo para o ano de 1876
Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Lançou seu primeiro livro “Mogy Antiga”em 11 de dezembro de 2021 onde fala sobre as histórias, curiosidades e personagens da nossa cidade.

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