Uma em cada oito pessoas vive com transforno mental
Apesar dos avanços no debate sobre saúde mental, o preconceito ainda é um obstáculo enfrentado diariamente por milhões de pessoas no Brasil e no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada oito pessoas vive com algum transtorno mental — mas, mesmo assim, muitas continuam invisibilizadas e afastadas de cuidados, apoio e inclusão. Para a psicóloga clínica Priscilla Paccitto, mestre em Psicogerontologia e especialista em Saúde Mental, desmistificar os transtornos é urgente e depende de educação, empatia e diálogo.
“Infelizmente, ainda ouvimos frases como ‘depressão é frescura’, ‘ansiedade é falta de Deus’ ou que ‘pessoas com esquizofrenia são perigosas’. Esses mitos alimentam o preconceito e impedem que muita gente procure ajuda”, alerta Priscilla. Para ela, o estigma está fortemente ligado à falta de informação, e é por isso que a educação deve ser vista como ferramenta de combate.
Campanhas educativas em escolas, empresas e meios de comunicação são fundamentais para esclarecer que transtornos mentais são tratáveis e que quem convive com eles pode levar uma vida saudável e produtiva. A psicóloga também chama atenção para o impacto do preconceito nas relações pessoais: termos pejorativos, como “maluco” ou “retardado”, afastam as pessoas do tratamento e reforçam o autoestigma — quando a própria pessoa começa a acreditar nos rótulos que ouve.
Além da informação, Priscilla destaca o papel da convivência respeitosa, da escuta ativa e da empatia como pilares para um ambiente mais inclusivo, seja em casa, no trabalho ou nas escolas. “Precisamos de uma sociedade que acolha, que entenda a dor do outro e que ofereça suporte, não julgamento”, afirma.
As políticas públicas também são parte essencial da mudança. O fortalecimento da rede de saúde mental do SUS, a capacitação contínua de profissionais e leis que garantam os direitos das pessoas com transtornos mentais são passos importantes na construção de uma sociedade mais justa.
Por fim, a especialista ressalta que a mídia também deve assumir um papel consciente, fugindo de estereótipos e mostrando histórias reais. “Falar sobre saúde mental com naturalidade é um passo poderoso para romper o tabu e transformar a cultura do silêncio em uma cultura de acolhimento.”
Para quem precisar de atendimento, pode procurar o CVV (Centro de Valorização da Vida), pelo número 188, com atendimento gratuito 24 horas, ou no CAPS Mogi das Cruzes (Centro de Atenção Psicossocial), localizado na rua Antônio Cândido Vieira, 566, Centro, Mogi das Cruzes. “Também existe a cartilha sobre Saúde Metntal e Inclusão, que é muito válido”, segundo Priscilla. Neste caso, pode ser encontrada no site (www.setembroamarelo.com).
Especialista defende empatia, informação e políticas públicas