Elenco sobe ao palco do Theatro Vasques, no dia 7 de setembro, domingo, às 20h, no ano em que se celebra os 130 anos de amizade Brasil-Japão
Entre partidas e chegadas, saudade e descobertas, dores e encontros, gratidão e despedida, “arigatô… sayonara”, atravessa oceanos e o tempo para contar, por meio do gesto, a trajetória dos imigrantes japoneses no Brasil. Inspirado na linhagem familiar da diretora artística do grupo Erika Novachi, cujos avós deixaram o Japão ainda jovens para recomeçar suas vidas em terras brasileiras, a obra mergulha nas emoções dessa travessia e será apresentada em Mogi das Cruzes, no dia 7 de setembro, domingo, no Theatro Vasques, às 20h. Uma oficina de jazz também será ministrada pelo grupo, às 10h. A entrada é gratuita.
Com coreografias de Erika Novachi, Jhean Allex, Lenon Vitorino e Mary Santos a obra une a força da dança contemporânea, do jazz dance e do lyrical jazz, para transformar e registrar memórias em movimento. Uma dança que revela resistência e pertencimento e é uma celebração da força, da tradição e da transformação, revelando que as histórias de nossos antepassados ainda dançam e vivem em nós.
“Sou sansei, neta de japoneses que chegaram ao Brasil com sonhos na bagagem e raízes profundas no coração. Nasci em solo brasileiro, mas cresci imersa na cultura oriental. Aqui, sempre fui chamada de “japonesa”. Mas quando estive no Japão, ouvi pela primeira vez: “dekassegui”. Estrangeira e durante muito tempo vivi esse entrelugar: não completamente daqui, nem de lá. Era como se eu não pertencesse a nenhum dos mundos e foi entre memórias familiares, tradições e minha própria história, que fui encontrando meu lugar. Eu não era completamente brasileira. Tampouco era completamente japonesa. Mas era profundamente as duas coisas. Eu carrego, no corpo e na alma, um legado precioso – feito de gestos contidos, de silêncio que fala, de resistência disfarçada de doçura”, rememora a coreógrafa.
Segundo Erika Novachi foi “ao conhecer o Japão que entendi a profundidade da minha identidade. Percebi que não sou metade de nada. Sou inteira: fruto da resistência dos meus avós, da acolhida brasileira e da fusão de duas culturas que se entrelaçam dentro de um corpo. Sou neta de quem cruzou oceanos sem saber o que encontraria, mas levando consigo toda uma cultura nas mãos. Eu sou filha do deslocamento, sou o elo. O recomeço”. Para ela, o espetáculo “arigatô… sayonara” nasce desse lugar de emoção profunda, “do meu desejo de transformar essa busca por pertencimento em dança. É minha forma de agradecer aos antepassados, de honrar os que vieram antes de mim, de reverenciar suas dores e conquistas, e de afirmar, dançando, que nossa história continua viva. Porque ela pulsa no meu corpo. E dança comigo”.
Em 2025, celebra-se os 130 anos do tratado de amizade Brasil-Japão, que marcou o início da imigração japonesa para o Brasil. O tratado foi assinado em 1895, e em 1908 chegou ao Brasil o navio Kasato Maru com os primeiros imigrantes japoneses. Essa imigração, que teve seu ápice entre 1908 e 1960, resultou na formação da maior comunidade japonesa fora do Japão, com cerca de dois milhões de descendentes no Brasil, segundo o Ministério das Relações Exteriores do Japão.
“Brasil e Japão: dois mundos, uma dança contínua. Habitamos inteiros sem deixarmos de ser dois em um. A cultura permanece na terra, na memória. Ela não perde. Se move, se renova, se transforma. Vive no corpo. Dança. arigatô… sayonara, sayonara, arigatô…”, finaliza Erika.
Espetáculo terá entrada gratuita