A Semana



Como vivia o mogyano antigo – II

Continuando a saga dos mogianos antigos…

As casas dos mogianos antigamente, notadamente no período colonial seguiam, é claro, as dos paulistas. Eram casas levantadas pelo sistema de taipa de mão ou pau a pique e pelo sistema de taipa de pilão. Pau a pique eram usados mais no sítios e na roça e taipa de pilão na sede da vila. Ernani Silva Bruno em seu livro “Equipamento da Casa Bandeirista”, nos informa que havia casas na sede da vila que usavam os dois sistemas: taipa de pilão nas paredes externas e pau a pique nas paredes internas. E mais: essas casas eram geralmente cobertas de telha e nas roças cobertas com capim ou de palha arariguana.

Os habitantes de Santana de Mogi Mirim assim como os demais moradores da Capitania de São Vicente viviam na pobreza, na vida dura e no desconforto.

Os inventários da época mostram bem isso! Francisca Cardoso, esposa do nosso fundador Gaspar Vaz, que faleceu em 12 de março de 1611, deixou em seu inventário entre outras coisas, um colchão vazio, uma toalha de mesa usada, um travesseiro, três almofadas, uma caixa com frascos de vidro, seis enxadas novas e seis velhas…etc…

São coisas simples usadas no dia a dia que nos dão a exata dimensão da pobreza do lugar.

A iluminação das casas, por exemplo, eram feitas com castiçais de latão, bronze, estanho ou arame, candeeiros de azeite (para as casas mais abastadas) e também lanternas de folha de flandres.

Apesar de toda essa pobreza, eles não dispensavam as armas, já que o sertão à sua volta era hostil e perigoso.

Para isso, eles usavam pistolas, espingardas, clavinas, arcabuzes, bacamartes, escopetas, espadas, adagas, etc…

Já em sua vida normal de morador de Mogi, eles alimentavam-se de quê?

A base de alimentação dessa gente era a canjica, aprendida com os índios e o angú de fubá de farinha de milho ou mandioca, sendo que essa alimentação dispensava o sal, escasso e muito caro na época pois vinha do exterior.

Além disso eles viviam da caça e pesca e mais tarde da plantação de milho!

Com o tempo vieram as sementes trazidas de Portugal e começaram a experimentar o feijão, arroz, cará e legumes.

E outra coisa interessantes: Naquela época comia-se com os dedos. Não se usavam talheres!

Fontes:

  • Mogi das Cruzes de 1601 a 1640 – Isaac Grinberg – 1981
  • São Paulo nos Primeiros Anos – Affonso Taunay – 1920
  • Histórias e Tradições da Cidade de São Paulo – Ernani da Silva Bruno – 1953
  • Tratado Descritivo do Brasil em 1587 – Gabriel Soares de Souza – 1938
Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Lançou seu primeiro livro “Mogy Antiga”em 11 de dezembro de 2021 onde fala sobre as histórias, curiosidades e personagens da nossa cidade.

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