Em Mogi das Cruzes, o mês de agosto nunca passa em branco. Ele chega com o frio do inverno, mas também com o calor de dois símbolos que nos tocam profundamente: o Agosto Dourado, dedicado à amamentação, e o Agosto Lilás, de combate à violência contra a mulher. Dois temas que, à primeira vista, parecem distintos, mas que se entrelaçam em um ponto vital: o cuidado com a vida — desde o início, e por toda a sua trajetória.
Nos corredores dos hospitais, nas salas de espera das UBSs, nas rodas de conversa entre mães mogianas, há mulheres tentando amamentar seus filhos em paz, enquanto enfrentam julgamentos silenciosos, olhares invasivos ou a simples falta de apoio. O ouro que representa o leite materno — e todo o amor e esforço que ele carrega — ainda não brilha como deveria em todas as casas mogianas. A maternidade ainda é solitária para muitas.
Ao mesmo tempo, nas delegacias e nos lares invisíveis aos olhos da cidade, o lilás mancha o cotidiano com histórias que se repetem. Mogi tem mulheres fortes, mas isso não deveria ser exigência. A força, quando é usada para sobreviver à violência, não é virtude: é resistência forçada. E nenhuma mulher deveria precisar resistir para viver.
Este editorial não tem como objetivo anunciar eventos ou reforçar campanhas oficiais. Ele quer apenas convidar à reflexão — real e honesta. Quantas mães da sua rua estão tentando amamentar em silêncio? Quantas mulheres próximas a você estão em relacionamentos abusivos, mas seguem sorrindo para não alarmar ninguém?
Agosto é o mês do ouro e da coragem. Que a nossa cidade brilhe não só nos discursos, mas nos gestos pequenos: no apoio, na escuta, no acolhimento. Que o leite flua, que a voz das mulheres seja ouvida, e que o silêncio que fere dê lugar a conversas que curam.
Porque cuidar de uma mãe é cuidar de uma criança. E proteger uma mulher é proteger toda a comunidade. Que agosto não seja apenas simbólico, mas transformador — aqui, agora e todos os dias.