A Semana



Agora quem manda são elas

Segundo pesquisa publicada pelo Sebrae, o Brasil é o 7° país com maior número de mulheres empreendedoras, que lideram mais de 10 milhões de empreendimentos. Contudo, apesar dos números expressivos, a diferença de gênero ainda é grande, já que apenas 34% dos negócios no país são comandados por elas.

Os salários também ainda não são equiparados. As mulheres ganham cerca de 20% menos do que os homens no Brasil e a diferença salarial entre os gêneros segue neste patamar elevado mesmo quando se compara trabalhadores do mesmo perfil de escolaridade e idade e na mesma categoria de ocupação. É o que mostra um levantamento de 2022 da consultoria IDados, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE.

Mas, apesar dos desafios do dia a dia, as mulheres conquistam cada vez mais espaço e contam com histórias inspiradoras, seja de liderança em ambientes normalmente masculinos ou transformando ideias que surgiram em momentos inusitados.

Neste especial do Dia da Mulher, o jornal A Semana conta a história inspiradora de quatro mulheres que driblaram o preconceito e hoje assumem cargos de chefia, inclusive com homn subordinados a elas.

Fádua Sleiman
A presidente da Associação Comercial de Mogi das Cruzes (ACMC), Fádua Sleiman, conta que, quando eleita, o quadro associativista era composto 70% por homens. E ela fez questão de, na sua chapa, colocar 50% de cada gênero. Mulher forte e de ideias firmes, ela reforça que o lado empreendedor independe de sexo. “Não entendo como a mulher sendo diferente à frente dos negócios ou em disputa com os homens. Acredito que as mulheres tenham naturalidade e espontaneidade em demonstrar seus pensamentos e sentimentos para com a equipe e/ou clientes, o que ajuda muito na conquista e fidelização dos mesmos”, conta.

Ainda assim, ela adianta que a mulher tem, sim, um olhar mais humanizado em todo o processo de construção de uma equipe e no envolvimento de ações mais criativas do cotidiano.

Maria Paula Almeida
A diretora da MP Feiras e Eventos Maria Paula Almeida trabalha desde os anos 90 com a realização de feiras de negócios na região, inclusive em ambientes predominantemente masculinos, como a Feira de Veículos. E mesmo sendo uma empresária de sucesso, ela conta que muitas vezes precisou enfrentar o machismo. “Às vezes, meus clientes esquecem que eu sou mulher e fazem comentários sobre a beleza das mulheres na minha frente e ainda pedem a minha opinião. Teve também uma vez que o gerente de um banco patrocinador me perguntou se meu chefe chegaria para analisarmos como seriam as vendas. Ele não imaginou que eu que comandava as feiras”, lembra.

Mas esses episódios nunca a deixaram se dar por vencida e, hoje, ela é considerada referência no setor. “O conhecimento e o tempo de atuação me trouxeram credibilidade e com isto onde estou, sou ouvida e, caso sinta que estou sendo desvalorizada, deixo claro imediatamente através de perguntas bem direcionadas que sei o que estou fazendo e sou realmente a pessoa indicada para resolver aquela situação de modo altamente profissional”.

Raquel Gallinati
O currículo dela não deixa margens para dúvidas da sua competência: Raquel Gallinati Lombardi é diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol), foi a primeira mulher a comandar o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) e é vice-presidente da Federação Nacional dos Delegados da Polícia Civil (Fendepol).

Faixa preta em Taewkondo e habilitada para o uso de fuzil, submetralhadora e cambari , ela representa a força feminina em meio aos homens- hoje, muitos são subordinados a ela. “As instituições refletem a sociedade e, apesar de as coisas estarem melhorando, as mulheres ainda são subjugadas e colocadas em cheque. Elas precisam o tempo todo provar a legitimidade de ocupar aquele lugar”, conta a delegada.

Raquel reforça que as profissões não podem ser estereotipadas sob pena de retrocedermos de tudo o que foi conquistado ao longo dos últimos anos. “Ter certeza da sua atuação e competência técnica e profissional faz com que algumas situações onde a insegurança possa pairar sejam regradas”, destaca.

Andressa de Morais
Aos 33 anos, Andressa Larissa de Morais é diretora-executiva de uma construtora e uma locadora de equipamentos para construção civil. A empresa, familiar, sofreu um processo de transição de comando do pai para ela. E, até mesmo antes de assumir a frente do negócio, Andressa precisou ter um jogo de cintura para se fazer ser ouvida. “Muitas vezes precisei visitar obras e fechar orçamentos e precisei ouvir ‘Mas cadê seu pai? Você tem capacidade para falar sobre obra? Você entende, menina?’. Me senti muitas vezes desconfortável pelo descaso, pois ali eu não era a filha do dono e sim uma profissional capacitada para atender as necessidades de cada cliente”.

Aos poucos, sua competência se fez valer no escritório e também “in loco”, junto dos funcionários que, até então, não estavam talvez acostumados a ver uma mulher jovem no comando. E ela atribui às suas características femininas grande parte do sucesso obtido. “No meu ponto de vista, a mulher é mais humana, tem empatia antes de tudo, rapidez nas tomadas de decisões visando um todo, cuidado com cada detalhe para que saia de forma correta e tenha sucesso no seu negócio”, reforça.

Redação

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