A Semana



Casarão do Chá

A vinda de japoneses para o Brasil iniciou-se em 1908. Uma década depois disso, começaram a chegar a Mogi das Cruzes, onde cultivavam verduras e frutas. A maior parte dos japoneses que vieram para a região de Mogi, entre 1920 e 1930, já tinham chegado ao Brasil há algum tempo – muitos deles tinham se encaminhado primeiramente para as plantações de café.
Um desses imigrantes, Fukashi Furihata era um engenheiro agrônomo enviado ao Brasil pela empresa japonesa Sociedade Katakura, em 1922. Alguns anos depois de sua chegada, Furihata comprou uma fazenda de 139 alqueires na região de Cocuera, onde aos poucos implantou o cultivo de frutas, hortaliças e chá.
Kazuo Hanaoka, o construtor do Casarão do Chá, chegou ao Brasil na metade de 1929, com trinta anos de idade. Veio diretamente para as terras da Sociedade Katakura. No Japão, Kazuo Hanaoka tinha se tornado carpinteiro e aprendido as tradicionais técnicas de construção japonesas, principalmente com seu pai. Uma de suas mais importantes obras no Japão foi justamente a residência dos Katakura.
Na década de 1930, Kazuo Hanaoka trabalhou como agricultor e construtor em algumas localidades paulistas. Em 1941, convidado por Furihata, veio para Cocuera, onde começou trabalhando na colheita do chá.
Nesta altura, as turbulências da Segunda Guerra Mundial tinham ampliado o mercado internacional para a venda do chá produzido no Brasil. Furihata pretendia expandir sua produção e, para isso, precisava de instalações maiores para o processamento do chá produzido na Fazenda Katakura. Em 1942, Kazuo Hanaoka construiu a edificação que hoje conhecemos como Casarão do Chá.
Em 1958, a família Namie adquiriu a parte da fazenda que incluía a fábrica e as plantações de chá. Mantiveram o cultivo e o processamento do chá até 1968, quando a fábrica foi desativada e o prédio passou a ser usado como depósito.
A estrutura da edificação foi feita em madeira e composta numa armação à qual se acrescentaram paredes feitas em taipa de mão. Hanaoka recorreu às árvores de eucalipto, às telhas “francesas” e às esquadrias para janelas. A técnica de taipa de mão, aqui, foi realizada em bambu e com diversas camadas de barro. Como nas construções japonesas, as madeiras se juntam por encaixes, sem prego ou massa.

Fontes:

https://casaraodocha.org.br/wp/?page_id=14

– História de Mogi das Cruzes – Isac Grinberg – 1961

Foto:

– Kazuo Hanaoka – https://casaraodocha.org.br

Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Autor do livro “Mogy Antiga”, é membro da AMHAL - Academia Mogicruzense de História, Artes e Letras.

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