A Semana



O desrespeito capilar: Uma Reflexão sobre o caso Lumena Aleluia

Por: Felipe Ruffino*

Em uma virada de ano destinada a celebrar esperanças e novos começos, a influenciadora digital Lumena Aleluia se viu no centro de um incidente que, lamentavelmente, revela as profundas raízes do racismo no Brasil. O episódio em que seu cabelo foi revistado durante a festa de réveillon em Búzios não é apenas um ato isolado; é uma dolorosa lembrança de que a luta contra o preconceito racial está longe de ser vencida. A liberdade capilar, especialmente para a comunidade negra, é uma questão muito além da estética; é uma afirmação de identidade e resistência.

Lumena, conhecida por sua autenticidade e defesa de causas sociais, teve sua privacidade invadida de maneira humilhante, deixando claro que o racismo estrutural permeia até os espaços que deveriam ser de celebração. A revista no cabelo de Lumena não foi apenas uma ação desrespeitosa, mas simboliza a constante necessidade de afirmar a própria identidade em uma sociedade que insiste em impor padrões eurocêntricos. Este incidente reflete a urgência de uma conversa mais ampla sobre o respeito à diversidade e a desconstrução de estereótipos arraigados. A indignação diante desse ato ultrajante deve nos impelir a questionar não apenas o indivíduo responsável, mas a estrutura que possibilitou tal ato. É crucial que não apenas denunciemos casos isolados, mas também nos comprometamos com uma mudança sistêmica que promova igualdade e justiça para todos.

Neste novo ano, a solidariedade a Lumena deve ser um chamado à ação coletiva. A luta contra o racismo é de responsabilidade de todos nós. É hora de nos educarmos, ouvirmos as vozes daqueles que enfrentam discriminação diariamente e trabalharmos ativamente para desconstruir os preconceitos enraizados em nossa sociedade. O caso de Lumena não é apenas sobre um cabelo revistado; é sobre a resistência de uma mulher negra em um país que ainda tem muito a aprender sobre igualdade. Que este incidente sirva como catalisador para discussões mais profundas e ações concretas em prol de uma sociedade verdadeiramente inclusiva. Em 2024, que possamos transformar a indignação em movimento, a empatia em ação e a celebração do novo ano em uma busca coletiva por justiça racial.

*Felipe Ruffino é jornalista, pós graduado em Assessoria de Imprensa e Gestão da Comunicação, possui a agência Ruffino Assessoria e ativista racial, onde aborda pautas relacionada à comunidade negra em suas redes sociais @ruffinoficial.

Redação

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