Movimento chega a cerca de mil participantes para questionar impactos da obra
As moradoras Daniely Garcia Ribeiro, 45 anos, e Danusa Mello D’Andreia, 36 anos, idealizaram um movimento para questionar a construção de uma ponte estaiada no bairro Nova Mogilar, em Mogi das Cruzes. O grupo, criado a partir de conversas em um condomínio, rapidamente cresceu e hoje reúne cerca de mil pessoas em um aplicativo de mensagens, das quais pelo menos 700 são moradores engajados na causa.
Segundo as organizadoras, a iniciativa surgiu diante da insatisfação com o projeto e da falta de diálogo inicial. “Esperávamos reunir algumas pessoas para procurar a prefeitura, mas em menos de uma semana já éramos mais de 500”, relata Daniely.
Entre as principais preocupações do movimento estão o aumento do barulho e da poluição, a desvalorização imobiliária, a falta de mobilidade para pedestres e ciclistas, além de impactos ambientais e urbanísticos. O grupo cita o exemplo do Elevado Presidente João Goulart, em São Paulo, como referência negativa quanto à perda de qualidade de vida em áreas vizinhas a grandes viadutos. A segurança pública também é uma pauta recorrente, diante do temor de concentração de pessoas em situação de rua e aumento da criminalidade sob a estrutura.
O movimento já solicitou à prefeitura acesso ao projeto da obra, bem como aos estudos de impacto ambiental e de vizinhança. Até o momento, não apresentou alternativas formais, mas os integrantes defendem que outras soluções de mobilidade poderiam ser mais eficazes, como a ampliação da passagem sob a linha férrea e a canalização do córrego próximo ao Hipermercado D’Avó.
De acordo com Daniely e Danusa, a comunicação com a administração municipal começou em 18 de agosto, em reunião com a chefe de gabinete e outros representantes. Na ocasião, ficou definido que seria promovida uma apresentação do projeto no Cemforpe, aberta aos moradores. No entanto, o encontro foi remarcado pela prefeitura para quinta-feira (11), às 17h30, com participação irrestrita de quantidade de munícipes.
As idealizadoras afirmam que não são contra a prefeita ou o desenvolvimento da cidade, mas apenas a esse projeto específico. “Somos apenas cidadãos que querem ser ouvidos”, reforçam. O movimento segue com abaixo-assinado online, reuniões periódicas, organização de manifestações e a formação de uma associação de bairro. Uma ação judicial também não está descartada.
A expectativa do grupo é que a mobilização resulte na alteração do projeto e em soluções de trânsito que beneficiem a região sem os prejuízos que eles atribuem à ponte estaiada.
Em nota, a prefeitura disse que “tem atendido e dialogado constantemente com a população sobre as mudanças que acontecerão no sistema de mobilidade a partir da chegada do trem até César de Souza – projeto em execução pela CPTM. A exemplo disso, nesta semana, a gestão recebeu o Colégio Mello Dante e comerciantes do entorno. A reunião de hoje, agendada a pedido dos moradores do Mogilar, é mais um atendimento da prefeitura visando esclarecer dúvidas e dialogar sobre os projetos em mobilidade para a cidade.” Até o fechamento desta edição, a reunião que teve início às 18 horas, não havia encerrado.
Mogianos pedem para que a prefeitura olhe para a iniciativa