A Semana



José Benedicto da Cruz, artista sacro – Parte 1

Quando andamos em direção à Serra do Itapety ou em direção à Serra do Mar, encontramos muitas capelas centenárias, algumas grandes para muitas pessoas, outras menores, só para orações, diversas santas cruzes e capelas abertas pela estrada.

A devoção acompanhou a colonização e a expansão humana e até hoje, qualquer que seja a denominação religiosa, está lá junto a nós, a casa de Deus.

Neste contexto, muitas capelas serviram de núcleos de povoamento e se transformaram em freguesias, vilas e cidades. Essas capelas eram decoradas com o trabalho de santeiros, entalhadores de altar e pintores que até o final do século passado passavam por nossa região.

Esses santeiros para fazer as imagens utilizavam a madeira e principalmente o barro, tidas hoje como de grande valor artístico e são disputadas por colecionadores e afins.

E é nesse panorama que no fim do século passado, mais exatamente em 2 de fevereiro de 1877, em Paraíbuna que nasceu José Benedicto da Cruz ou simplesmente JBC.

JBC, caboclo de olhos verdes era um homem simples, católico e religioso, era membro da Ordem Terceira do Carmo em Mogi das Cruzes. Passou a infância em São Luiz de Paraitinga e aos vinte anos, já em Mogi, casou com Thereza Maria de Jesus, moradora de Biritiba Mirim. Teve dez filhos e apenas quatro chegaram a idade adulta. Morou por um bom tempo numa pequena chácara no Alto do Ipiranga, que vendeu para comprar um sítio no bairro de Salto na Serra do Itapety entre Sabaúna e Guararema.

Tinha vários apelidos que dão uma ideia de suas atividades: Zé Pedreiro, Zé Pintor, Zé Santeiro e Zé Correia. Era autodidata de muita sensibilidade. Lutando para sobreviver dedicou-se principalmente ao ofício de pedreiro, pintor e marceneiro. Simultaneamente dedica-se a arte sacra, pintura sacra e confecção de retábulos e oratórios.

Zé Santeiro, é autor das pinturas internas da Capela de São Sebastião em Taiaçupeba, que tiveram partes detonadas por uma grossa camada de cimento, a mando do padre Alberto Gomes da Silva em 2016.Além da Capela de São Sebastião, JBC, foi autor de várias imagens de santos em madeira e barro, de divinos, pinturas na Igreja Matriz São Benedito em Biritiba Mirim, Igreja de Santa Catarina, próximo de Biritiba Mirim, Igreja de São Francisco em Quatinga, Barroso e outras.

José Benedicto da Cruz foi, segundo Eduardo Etzel, estudioso da arte sacra brasileira, um singular artista sacro popular, onde a obra transcende o homem.

Fontes:

  • JBC Um Singular Artista Sacro Popular – Eduardo Etzel – 1978
  • Caminhos Antigos – Vol. 2 – Ebook Dialética Cultural – AngeloNanni e Antonio Sérgio Damy- 2012
Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Lançou seu primeiro livro “Mogy Antiga”em 11 de dezembro de 2021 onde fala sobre as histórias, curiosidades e personagens da nossa cidade.

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