A Semana



Em mutirão, Hospital da Brasilândia opera 30 pacientes com paralisia cerebral e necessidades especiais

Um mutirão de gastrotomia mudou a rotina do Hospital Municipal da Brasilândia, na Zona Norte, no último final de semana. Na sexta-feira, dia 4, começaram a chegar os pacientes vindos do Hospital Cruz Verde, na Vila Clementino. Com múltiplas comorbidades, eles comoveram a equipe de mais de 30 profissionais – entre pediatras, cirurgiões, endoscopistas, anestesistas, enfermeiros, técnicos, pessoal de engenharia, transporte e coordenação administrativa – que se reuniu num plantão marcado pela solidariedade e propósito de melhorar a vida dessas pessoas.

Visivelmente debilitados, os pacientes entre 7 e 59 anos apresentam epilepsia, paraparesia, desnutrição, retrações articulares, disfagia e impossibilidade de nutrição por via oral. São complicações típicas da paralisia cerebral, que acomete a maioria desde a infância. “São casos extremamente complexos. Eles têm muita dificuldade de deglutição e a sonda gástrica vai possibilitar um manejo melhor para os cuidadores e garantir que recebam o aporte calórico adequado. Essas cirurgias significam mais qualidade de vida para eles e suas famílias”, explicou a Dra. Erika Ortolan. A endoscopista e cirurgiã pediátrica, diretora médica do IMED, era uma das especialistas operando na sexta e no sábado.

O diretor do HMB, o neonatologista Dr. Guilherme de Abreu Silveira, também trabalhou nos centros cirúrgicos. Operou, ajudou no pré-anestésico e deu suporte à equipe, explicando a todos a importância de estarem ali naqueles dias de mutirão. “Esse é um trabalho muito importante para nós do HMB. São pacientes debilitados, de alto risco e é difícil encontrar um hospital que possa fazer procedimentos assim. Para nós, que fazemos parte da rede municipal de saúde, estar nesta comunidade e poder contribuir desta forma é uma honra”, disse o médico.

No entorno das salas cirúrgicas, supervisores, enfermeiros, técnicos e profissionais da limpeza se organizavam num movimento frenético para dar assistência a todos os que saiam “meio grogues”, ainda sob o efeito da anestesia. Aline Senes, diretora admnistrativa estava ali. “Sou enfermeira e sou cristã, estou feliz de estar aqui”, comentou ela, enquanto empurrava a maca em direção à sala de recuperação pós-cirúrgica. Ali, junto de outras colegas, acarinhou o cabelo do paciente, frágil e ainda não totalmente acordado, que gritou, com medo. Imediatamente ela buscou ajuda e colocaram o soro no paciente, um rápido momento em nada parece tão urgente quanto dar segurança e garantir que tudo vai dar certo. E deu! Para os 30 pacientes beneficiados pelo mutirão, a vida será melhor a partir de agora e a chance de desnutrição irá diminuir.

Na segunda-feira, dia 8, todos já estavam de volta e as instalações da endoscopia do HMB, que serviram para o mutirão, já estavam limpas e prontas para voltar à rotina normal da unidade. Cansados, realizados e orgulhosos do trabalho, os líderes reuniram a equipe para agradecer. “Estamos prontos para o próximo. E virão outros!”, já avisou o diretor. A afirmação foi saudada com muitas palmas e sorrisos.

Gastrotomia

A gastrostomia é uma cirurgia realizada para a colocação de um pequeno tubo flexível, conhecido como sonda, através da pele da barriga diretamente até ao estômago, para permitir a alimentação e fornecimento de nutrientes nos casos em que a pessoa não consegue se alimentar pela boca.

Redação

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