A Semana



Dia da Consciência Negra

O Dia da Consciência Negra não é apenas uma data no calendário. É um chamado silencioso — porém urgente — para olharmos de frente para as histórias que nos trouxeram até aqui e para as escolhas que ainda precisaremos fazer como sociedade. Em Mogi das Cruzes, uma cidade construída por mãos diversas, essa reflexão ganha um contorno ainda mais profundo.
A presença negra em Mogi não está apenas nos registros históricos, mas nos bairros, nas tradições familiares, nas escolas, nos mercados, nas feiras, nos pequenos e grandes negócios, na arte, na fé e no movimento vivo das ruas. Ela está nos talentos que se destacam, nas famílias que persistem, nos profissionais que inspiram, nas lideranças que se erguem e na cultura que pulsa em cada canto da cidade. Reconhecer isso não é gentileza — é justiça.
A consciência negra, porém, não se limita às conquistas. Ela pede um olhar sensível sobre o que ainda precisa mudar. Não se trata de ideologia, mas de humanidade. É sobre perceber que ainda existem portas que se abrem mais fácil para uns do que para outros. É sobre entender que oportunidades, quando não alcançam todos, deixam de ser oportunidades. É sobre escutar histórias que nem sempre foram contadas e permitir que novos capítulos sejam escritos com dignidade e pertencimento.
Essa data é um convite para celebrar, sim, mas sobretudo para aprender. É o momento de reconhecer as vozes negras que fazem a diferença na cidade: educadores, empreendedores, artistas, servidores públicos, atletas, estudantes — pessoas que movem a engrenagem social com talento, resistência e esperança. É enxergar essas contribuições como parte essencial da identidade mogiana.
A consciência nasce quando vencemos o hábito de olhar apenas para nós mesmos. Cresce quando entendemos que respeitar a trajetória do outro fortalece a nossa própria. E se completa quando escolhemos agir, ainda que em pequenos gestos: uma escuta mais atenta, um espaço aberto, um preconceito não reproduzido, uma história valorizada, uma criança encorajada, um jovem reconhecido, uma memória preservada.
Que Mogi das Cruzes seja, mais do que cenário, protagonista dessa transformação silenciosa — feita de respeito, empatia e reconhecimento.
Porque celebrar a Consciência Negra é, acima de tudo, celebrar a humanidade que nos conecta.

Redação

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