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Brasileiros acreditam que futuro da saúde depende mais de Deus do que da ciência

Quando pensam nas próximas décadas, os brasileiros esperam grandes avanços em áreas desafiadoras, como a oncologia. Por outro lado, estão convencidos de que o futuro da saúde depende mais de Deus do que dos médicos e cientistas. Essa é uma das conclusões da pesquisa 2092 – Como o brasileiro está construindo a saúde dos próximos 70 anos, realizada pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) a pedido da Pfizer, que está completando 70 anos no Brasil, mas já olhando para os desafios das próximas sete décadas.

Com 2.337 participantes brasileiros, o levantamento conta com amostras representativas dos moradores de São Paulo (capital e região metropolitana), e das regiões metropolitanas de Salvador, Rio de Janeiro, Belém, Brasília e Porto Alegre. “Nos 70 anos da Pfizer no Brasil, em vez de revisitarmos nossa trajetória no País, que nos traz grande orgulho, optamos por olhar para o futuro e para os anseios da população. Essa pesquisa reforça nosso propósito maior: colocar as pessoas no centro de tudo! Ouvir o que elas esperam da saúde nos ajuda a entender como podemos, hoje e sempre, continuar a ser um grande parceiro nessa jornada”, diz a diretora de Comunicação e Assuntos Corporativos da Pfizer, Cristiane Santos.

Câncer assusta mais que pandemia

Os dados da pesquisa mostram que um dos maiores desejos da população é o fim das mortes por câncer, apontado por 36% da amostra, enquanto 29% esperam que não tenhamos uma nova pandemia. O maior sonho dos entrevistados, contudo, é um futuro em que não existam doenças sem tratamento, alternativa escolhida por 44% – entre as pessoas com 60 anos ou mais esse porcentual chega a 53% e se destaca também na região metropolitana do Rio de Janeiro, com 50%. 

Ainda em relação ao câncer, vale destacar que a preocupação é mais acentuada em algumas localidades, como é o caso da região metropolitana de Salvador, em que o fim das mortes decorrentes da doença é a primeira expectativa da população (40%), ao lado da esperança na descoberta de tratamentos para todos os tipos de doenças, também com 40%.

Medo generalizado da dependência física

Ter uma doença que interfira na mobilidade e provoque uma dependência física de outras pessoas é o maior temor dos participantes da pesquisa (37%), em todas as faixas etárias, quando convidados a pensar sobre os principais receios em relação à própria saúde no futuro. A possibilidade de ‘dar trabalho aos familiares’ também assusta para 28% da amostra, assim como a ideia de ter uma doença que faça a pessoa esquecer de quem ela é, bem como de sua família e amigos (29%).

O futuro da saúde nas mãos de Deus?

Embora os participantes da pesquisa anseiem por grandes avanços terapêuticos em áreas complexas, como o câncer, 39% da amostra está convencida de que o futuro da saúde depende de Deus, enquanto médicos ficam com 34% e os cientistas, com 27%. Essa discrepância se torna mais evidente a partir da análise regional dos dados: 48% responsabilizam Deus na região metropolitana de Salvador (onde apenas 28% citam os médicos e 25%, a ciência). O principal contraponto, contudo, aparece na região metropolitana de Porto Alegre, em que 36% destacam a ciência e 33% apontam os médicos, ao passo que a responsabilidade divina é assinalada por 23%.

Outro dado que chama a atenção quando os respondentes apontam quem seria o principal responsável pelo futuro de sua saúde, em uma questão que admitia múltipla escolha, é a auto responsabilização, uma vez que 71% da amostra coloca a si mesmo nesse papel, acima de Deus. Apesar disso, outras informações da pesquisa indicam que, na prática, uma parte considerável dos participantes não tem adotado práticas de autocuidado para construir uma jornada mais saudável ao longo dos anos.

Quando perguntados sobre a rotina de cuidados com a saúde em 2022, por exemplo, mais de 1 a cada cinco participantes admite que esse aspecto não foi uma prioridade: 14% disseram que tentaram se cuidar melhor neste ano, mas não tiveram tempo, enquanto 6% afirmaram que, por não estarem doentes, não priorizaram essa questão, bem como 1% alegou não acreditar em medidas preventivas. Juntas, essas três respostas somam 21%. Em contrapartida, apenas 7% consideram que se cuidaram melhor em 2022 porque fizeram exames que estavam atrasados e outros 9%, porque retomaram as consultas médicas.

Uma parte relevante da amostra considera que se cuidou melhor em 2022 porque passou a se alimentar de forma mais saudável (21%) e outros 21% disseram ter iniciado a prática de exercícios físicos. Esses dois elementos (atividades físicas e alimentação equilibrada) são, justamente, os fatores mais associados pelos entrevistados a uma rotina saudável, como indica a tabela abaixo. Contudo, outros componentes essenciais, como manter a carteirinha de vacinação em dia ou seguir corretamente o tratamento médico, são menos considerados.

“Combater o sedentarismo e adotar uma alimentação mais saudável são medidas essenciais em muitos aspectos, seja reduzindo os fatores de risco para doenças de elevada prevalência, como diabete e hipertensão, mas também de vários tipos de câncer. Por outro lado, mesmo após um longo período de pandemia, a vacinação ainda não aparece entre as prioridades de saúde, o que é preocupante. Além disso, mais do que descobrir novos medicamentos, é importante atentar para o uso que se faz deles: a adesão correta à prescrição médica faz toda a diferença no tratamento”, comenta a diretora médica da Pfizer Brasil, Adriana Ribeiro.

Lições da pandemia

Em meio à maior crise sanitária da história moderna, o levantamento do Ipec também investigou possíveis mudanças nas percepções dos brasileiros sobre saúde e ciência. A principal transformação, de acordo com 40% dos respondentes, é ter passado a valorizar mais o profissional de saúde, enquanto 34% dizem que começaram a acompanhar mais as notícias sobre saúde, passando a buscar fontes confiáveis para se informar melhor sobre esse assunto. Além disso, 32% dos participantes começaram a pensar sobre o impacto da saúde para outros setores, como a economia, a educação ou o comércio, ao passo que 31% começaram a valorizar mais o trabalho da rede pública de saúde no Brasil. Apenas 4% acreditam que a pandemia não mudou sua percepção sobre saúde e ciência.

Redação

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