Nutricionista da Hapvida destaca a influência dos nutrientes na saúde mental e emocional
Nem só de calorias vive a nutrição. Comer é muito mais do que uma necessidade biológica — é um ato que influencia o corpo, a mente e as emoções. Mais do que uma ferramenta para controlar o peso, a alimentação pode ser uma poderosa aliada no equilíbrio físico, mental e emocional.
O que colocamos no prato, segundo a nutricionista da Hapvida, Marcela Fernanda dos Santos, tem impacto direto na forma como pensamos, sentimos e reagimos ao estresse. “Quando a gente fala em alimentação, estamos falando em química, mas também em emoção. O que comemos influencia neurotransmissores que regulam o humor, a memória e até a forma como reagimos aos desafios do dia a dia”, explica.
Marcela afirma que uma dieta equilibrada, rica em frutas, vegetais, proteínas de qualidade e gorduras boas, sustenta não só o corpo, mas também a mente. “Já o consumo excessivo de ultraprocessados e açúcares simples pode gerar inflamações e desequilíbrios hormonais que comprometem o bem-estar.” Comida, segundo a nutricionista, é informação bioquímica e emocional.
Os nutrientes do bom humor
A relação entre alimentação e felicidade é mais literal do que parece. A produção de neurotransmissores como serotonina e dopamina, hormônios ligados ao humor, à motivação e ao prazer, depende diretamente de vitaminas e minerais presentes nos alimentos.
Entre os aliados da serotonina, estão o triptofano, presente em ovos, peixes, cacau e oleaginosas, as vitaminas B6 e B9, o magnésio e o ômega-3. “Cerca de 90% da serotonina é produzida no intestino. Então, para ter bom humor, o primeiro passo é cuidar da saúde intestinal”, destaca Marcela.
Já a dopamina, neurotransmissor da motivação e da energia, precisa de tirosina, vitaminas do complexo B, ferro, vitamina C e magnésio, nutrientes encontrados em carnes, leguminosas, sementes e frutas cítricas. “Um cérebro bem nutrido é um cérebro mais calmo, criativo e equilibrado”, alerta.
Sono e energia: o reflexo do que se come
O cardápio também pode ser decisivo para uma boa noite de sono. “Alimentos como banana, aveia, abacate e sementes estimulam a produção de melatonina, o hormônio do sono”, explica Marcela. Já bebidas energéticas, excesso de cafeína e refeições muito pesadas à noite dificultam o relaxamento.
“O ideal é se alimentar até duas horas antes de dormir e optar por refeições leves, como caldos, peixes e vegetais assados. Uma opção simples e eficaz é banana amassada com aveia, cacau e sementes, combinação que favorece a produção de serotonina e melhora o sono”, orienta a especialista.
Durante o dia, a energia e a produtividade também refletem o que se come. Combinar carboidratos complexos, proteínas magras e boas fontes de gordura mantém os níveis de glicose estáveis, evitando oscilações de humor e concentração. “Muitas vezes, o cansaço é apenas sede disfarçada. A hidratação é parte fundamental da nutrição”, reforça Marcela.
Constância, não perfeição
Em tempos de redes sociais e dietas da moda, Marcela faz um alerta contra o chamado “terrorismo nutricional”. “Equilíbrio não é perfeição. É constância com flexibilidade. Não existe erro em sair da rotina, desde que a base da alimentação seja nutritiva e consciente. A culpa adoece. Comer bem também é comer em paz.”
A nutricionista explica ainda que cada fase da vida pede atenção diferente e tem suas propriedades nutricionais. “Na infância, a alimentação impacta o desenvolvimento cerebral e imunológico. Na adolescência, as demandas por ferro, cálcio e proteínas aumentam. Na vida adulta, o foco prioritário é manter energia, prevenir doenças e equilibrar o metabolismo. E no envelhecimento, o objetivo primordial é preservar massa magra, saúde intestinal e memória.” A nutrição, segundo Marcela, é dinâmica, ou seja, muda junto com o passar dos anos.
Para a especialista, entender o alimento como ferramenta de autocuidado é o primeiro passo para uma vida mais leve. “Nutrição vai muito além da dieta, é um ato de conexão. Comer bem é uma forma de dizer ao corpo ‘eu te escuto, eu te respeito, eu quero te ver bem’. Quando a gente entende isso, a alimentação deixa de ser uma obrigação e vira um instrumento de equilíbrio, disposição e prazer”, finaliza.
O que comemos impacta diretamente na forma como pensamos, sentimos e reagimos ao estresse