Mogi das Cruzes tem várias histórias que se complementam. Um delas, talvez uma das mais conhecidas, seja a biquinha ao lado da antiga Maternidade Mãe Pobre, ali na rua São João próximo do Largo 1º de Setembro.
Biquinha era o nome de uma nascente de água potável que se situava num terreno baldio como descrito acima.
A biquinha era famosa e cheia de histórias. O seu prestígio vinha do fato de que ali bebiam água, os anjos da guarda que circulavam pela cidade em sua piedosa missão. Outros diziam que na alta noite, entidades celestiais se reuniam ali para banhar-se.
Muita gente das redondezas apanhava água para beber e as lavadeiras ali se reuniam para lavar suas roupas.
Em 1932, atendendo ao grande número de mulheres que se aglomerava em torno da Biquinha, fazendo desbarrancar suas margens, a Prefeitura Municipal construiu à sua volta um grande tanque circular, logo ocupado pelas lavadeiras que se alternavam no uso do reclamado melhoramento.
Mais tarde, a água da Biquinha, que sempre fluiu a céu aberto pela antiga rua dos Bambus, hoje rua 1º de Setembro, foi canalizada e passou a correr por baixo do asfalto.
A Biquinha também foi escolhida como fonte histórica do Patrimônio Cultural de Mogi das Cruzes, principalmente porque faz parte da história social desta comunidade. É uma fonte que retrata também as condições de trabalho das mulheres de baixa renda, de origem humilde que viviam em casebres de pouca estrutura urbanística e arquitetônica nos arredores do centro da cidade.
Essas mulheres eram prestadoras de serviços domésticos e autônomos para famílias de classe média e da elite da cidade. Além do trabalho árduo como lavadeiras, as mulheres deixavam seus filhos ao redor, envolvidos em brincadeiras diversas e no aprendizado de pequenos ofícios.
Hoje, nada resta da famosa Biquinha. Em seu lugar, há uma praça para a convivência dos moradores do entorno. Mas até hoje, quando pessoas voltam à cidade e ou quando daqui não saem mais, ainda é comum ouvir dizer: – É isso… bebeu da água da Biquinha!
Fontes:
– Folclore de Mogi das Cruzes – Isaac Grinberg – 1983
– Mogi das Cruzes do Meu Tempo – Isaac Grinberg – 1993
–http://passeandopelahistoria1.blogspot.com/2010/11/patrimonio-cultural-de-mogi-das-cruzes.html
Foto:
– Biquinha – Augustinas Gogelis – 1953